sábado, 31 de março de 2018

O Sábado de Aleluia ou Sábado Santo

Por Emílio Portugal Coutinho,
em Gaudiumpress
 

A VIGÍLIA PASCAL
N
o sábado santo honra-se a sepultura de Jesus Cristo e a sua descida ao Limbo, e, depois do sinal do Glória, começa-se a honrar a sua gloriosa ressurreição.


A noite do sábado santo é especial e solene, é denominada também como Vigília Pascal. A Vigília Pascal, era antigamente à meia-noite, mas depois foi mudada para ser a partir das 20 horas, no entanto, ela não pode começar antes do início da noite e deve terminar antes da aurora do domingo.
 
É considerada "a mãe de todas as santas Vigílias"1. Pois, nela, a Igreja mantém-se de vigia à espera da Ressurreição do Senhor, e celebra-a com os sacramentos da Iniciação cristã.
 
Esta noite é "uma vigília em honra do Senhor" (Ex 12,42). Assim ouvindo a advertência de Nosso Senhor no Evangelho (Lc 12, 35), aguardamos o retorno do Senhor, tendo nas mãos lâmpadas acesas, para que ao voltar nos encontre vigilantes e nos faça sentar à sua mesa.
 
A vigília desta noite é dividida do seguinte modo:
 
1º - A celebração da luz;
2º - A meditação sobre as maravilhas que Deus realizou desde o início pelo seu povo, que confiou em sua palavra e sua promessa;
3º - O nascimento espiritual de novos filhos de Deus através do sacramento do batismo;
4º - E por fim a tão esperada comunhão pascal, na qual rendemos ação de graças à Nosso Senhor por sua gloriosa ressurreição, na esperança de que possamos também nós ressurgir como Ele para a vida eterna.
 
BENÇÃO DO LUME NOVO
As luzes da igreja estão todas apagadas. Do lado de fora está um fogareiro preparado pelo sacristão antes do início das funções, com a faísca tirada de uma pedra. Junto está uma colher para recolher as brasas e colocá-las dentro do turíbulo. Então o celebrante abençoa o fogo e o turiferário recolhe algumas brasas bentas e as coloca no turíbulo.
 
A benção se originou na Gália (França) e pretendia ser um sacramental substitutivo das fogueiras pagãs que se acendiam no início da primavera, em louvor da divindade Votan, com a finalidade de se obter uma rica colheita dos frutos da terra.
 
O costume de extrair fogo golpeando uma pedra provém da antiguidade germânica pagã. A pedra representa Cristo, "a pedra angular" que, sob os golpes da cruz, jorrou sobre nós o Espírito Santo.
 
O fogo novo, representativo da Ressurreição de Nosso Senhor, luz Divina apagada por três dias, que há de aparecer ao pé do túmulo de Cristo, que se imagina exterior ao recinto da igreja, e resplandecerá no dia da ressurreição.
 
Deve ser novo este fogo, porque Nosso Senhor, simbolizado por ele, acaba de sair do túmulo.
 
Essa cerimônia era já conhecida nos primeiros séculos. Tem sua origem no costume romano de iluminar a noite com muitas lâmpadas. Essas lâmpadas passam a ser símbolo do Senhor Ressuscitado dentro da noite da morte.
 
A PROCISSÃO FEITA COM O CÍRIO PASCAL
Após a cerimônia de preparação do Círio Pascal, é ele solenemente introduzido no templo por um diácono que por três vezes, ao longo do cortejo pela nave central, canta elevando sucessivamente o tom: "Lumen Christi" (Eis a luz de Cristo). O coro responde: "Deo gratias". (Graças a Deus). Em cada parada vão se acendendo aos poucos as velas, na primeira vez é acesa a vela do celebrante; na segunda parada, feita no meio do corredor central, são acesas as velas dos clérigos; na terceira vez por fim, se acendem as velas dos assistentes que comunicam as chamas do círio bento até toda a igreja estar iluminada.
 
As velas são acesas no Círio Pascal, pois nossa luz vem de Cristo. O diácono, que vem vindo, é, portanto, mensageiro e arauto da nova auspiciosa. Anuncia ao povo a Ressurreição de Cristo, como outrora o Anjo às santas mulheres.
 
As palavras "Lumen Christi", significam que Jesus Cristo é a única luz do mundo.
 
A procissão, que se forma atrás do Círio Pascal é repleta de símbolos. É alusão às palavras de Nosso Senhor: "Eu Sou a Luz do mundo. Quem me segue não anda nas trevas, mas terá a luz da vida" (Jo 8,12; cf. Jo 9,5; 12,46). O círio, conduzido à frente, recorda a coluna de fogo pela qual Javé precedia na escuridão da noite ao povo de Israel ao sair da escravidão do Egito e lhe mostrava o caminho (Ex 13, 21).
O cristão é aquele que, para iluminar, se deixa consumir, que em sua luz acende outras, dando sua própria, vida, como ensinou e o fez Nosso Senhor Jesus Cristo (cf. Jo 15,13).
 
O PRECÔNIO PASCAL
Ao término da procissão, na qual se introduz o Círio no Templo, é ele colocado em local apropriado. Com a vela acesa na mão renovamos nossa fé, proclamando Jesus Cristo, Luz do mundo que ressurgiu das trevas para iluminar nosso caminho. E lembramos o que que por vocação todo cristão é chamado a ser também luz, como ele mesmo nos diz: "Vós sois a luz do mundo. Que, portanto, brilhe vossa luz diante dos homens, para que as pessoas vejam vossas boas obras, e glorifiquem vosso Pai que está nos céus!" (Mt 5,14.16).
 
O diácono, após incensar o círio e o livro, canta o Precônio Pascal (Praeconium pascale, anunciação da páscoa), em que se exaltam os benefícios da Redenção, e que é um belo poema, a partir da vela, sobre o trabalho das abelhas e o material para a confecção da vela, o significado da luz ao longo da história de Israel e, de modo especial, sobre Jesus, a Luz do mundo. As magníficas palavras deste hino são atribuídas a Santo Ambrósio e Santo Agostinho. É esse canto o antigo lucernário da vigília pascal. O nome lucernário foi dado às orações que se diziam na reunião litúrgica ao acenderem-se as luzes ao anoitecer.
 
Arderá daí em diante o círio pascal, em todas as funções, durante quarenta dias, recordando a permanência na terra de Cristo ressuscitado. Retirar-se-á no dia da Ascensão, isto é, no momento em que Jesus Cristo ressuscitado sobe ao céu.
 
LEITURA DAS PROFECIAS
Nos primórdios da Igreja, colocavam nesta altura o rito dominante e como que o centro da Vigília. Nesta hora, aproximavam-se os catecúmenos, para receberem o Batismo. A fim de ocupar a atenção dos fiéis e para maior instrução dos catecúmenos, liam-se na tribuna passos da Sagrada Escritura apropriados ao ato. Eram as doze profecias, um como resumo histórico da religião: criação, dilúvio, libertação dos israelitas, oráculos messiânicos.
Atualmente são feitas apenas nove leituras, sete do Antigo Testamento e duas do Novo. Para cada leitura, há uma oração, com cântico ou salmo responsorial. Após a sétima leitura, são acessas as velas do altar a partir do Círio Pascal e o sacerdote entoa o canto do Glória in excelsis, com acompanhamento de instrumentos musicais e de sinos, que ficaram calados durante todo o tríduo sagrado. A Igreja, portanto, entra inteira na alegria pascal. Logo em seguida é feita a primeira leitura, do Novo Testamento (Rm 6,3-11), que é sobre o Batismo.
 
Após o término das leituras, o sacerdote entoa o canto solene do "Aleluia", quebrando o clima de tristeza que acompanhava o tempo da quaresma. Esse canto solene, repetido gradativamente três vezes em tom cada vez mais alto, representa a saída de Cristo da sepultura e expressa o crescente júbilo pela vitória do Senhor. Por fim, proclama-se um trecho do evangelho sobre a Ressurreição de Jesus, levando-se em consideração o ciclo anual de A, B e C.
 
Eis as leituras todas: 1ª leitura: Gn 1,1-2,2 (ou 1,1.26-31a); 2ª leitura: Gn 22,1-18 (ou 22,1-2.9a.10-13.15-18); 3ª leitura: Ex 14,15-15,1; 4ª leitura: Is 54,5-14; 5ª leitura: Is 55,1-11; 6ª leitura: Br 3,9-15.32-4,4; 7ª leitura: Ez 36,16-17a.18-28; 8ª leitura: Rm 6,3-11; Evangelhos (9º texto): a) Ano A: Mt 28,1-10; b) Ano B: Mc 16,1-12; c) Ano C: Lc 24,1-12.
 
BENÇÃO DA PIA BATISMAL
Terminada a leitura das Profecias, vai o Clero para a pia batismal. Na frente do cortejo, a cruz e o círio pascal, símbolos de Cristo que deve alumiar a nossa peregrinação terrena, como em outras eras a nuvem luminosa norteava o rumo dos israelitas no deserto.
 
O celebrante abençoa a água num magnífico prefácio em que são lembradas as maravilhas que Deus quis operar por meio da água; depois, com a mão divide em quatro partes a água já purificada, e derrama algumas gotas nos quatro pontos cardeais. Enfim, nessa pia batismal, mergulha por três vezes o Círio Pascal, simbolizando o poder regenerador que Jesus Ressuscitado dá a essa água e, também, nossa participação em seu mistério pascal, no qual morremos ao pecado e ressuscitamos para a vida da graça. E ainda deita nela um pouco do óleo dos catecúmenos e do santo crisma. Essa água será usada nos batizados ao longo do ano e na aspersão do povo.
 
Quando não há batismo-confirmação, sempre se benze a água, que é levada solenemente até a pia batismal.
 
Antigamente, após os ritos preparatórios, era administrado o batismo solene aos catecúmenos (os que se iniciavam na fé cristã) e que, durante três anos, estavam, num processo intenso de preparação para ingressar na Igreja, com um rigor maior na Quaresma e na Semana Santa. E findos os ritos preparatórios, os catecúmenos eram levados ao lugar onde tinham de receber o Batismo. Recorda esta cerimônia a aspersão dos fiéis que o celebrante faz através da igreja, com a água acabada de benzer.
 
Depois da benção da Pia Batismal, volta o préstito ao coro, cantando a "Ladainha de todos os Santos", recordando os que viveram com fidelidade a graça batismal. Chegados ao pé do altar, o celebrante e seus ministros prostram-se para meditar ainda na morte e sepultura de Nosso Senhor.
 
A apresentação dos candidatos à comunidade e o canto da ladainha de Todos os Santos mostram a universalidade da Igreja.
 
O final do Sábado Santo, com seus três aspectos do mesmo e único mistério pascal, morte, sepultamento e ressurreição de Jesus, está no ápice do Tríduo Pascal. Primeiro está a morte na Sexta-feira; depois Jesus no túmulo, no sábado; e, em seguida, a ressurreição, no Domingo, iniciada, porém, na noite de sábado, na Vigília Pascal.
 
MISSA SOLENE
A missa é a primeira das duas cantadas na páscoa. Esta celebração ostenta o caráter de extremo júbilo e magnificência, em forte contraste com a mágoa intensa da sexta-feira santa. Vemos agora os altares e os dignatários paramentados de grande gala. Reboam as notas alegres do Gloria in excelsis, unidas ao bimbalhar dos sinos festivos. O aleluia, não mais ouvido desde o início da quaresma, ressurge após a epístola.
 
Essa é na realidade a missa da madrugada da Páscoa. Ela termina com a Pós-comunhão e o Ite Missa est, a que se juntam dois aleluias (também se juntam ao Deo gratias), como expressão de regozijo. É por assim dizer, a aurora da ressurreição.


Por Emílio Portugal Coutinho,
em Gaudiumpress

sexta-feira, 30 de março de 2018

Vigília Páscoa do Senhor, sábado no Aldebaran


A Sexta-feira Santa nos convida a ter ouvidos de discípulo



Dom Walmor Oliveira de Azevedo
DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO
Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte,

D
istante do que significa ter “ouvido de mercador”, desejar e ter ouvido de discípulo é um programa de vida, que exige compromisso com ações que possam gerar respostas e atingir metas importantes, que transformem a realidade do povo. Incontestavelmente, trata-se da qualificação do papel que se exerce, nas diferentes circunstâncias, pensando particularmente as consequências e incidências sobre a vida dos outros e nos rumos da sociedade. O silêncio desta Sexta-feira Santa ecoa como insistente convite para que se conheça e se assuma a postura interior de se ter ouvidos de discípulo. A carência dessa postura favorece a multiplicação de arbitrariedades e promove o esvaziamento de diálogos decisivos na construção da sociedade.

Ouvidos de discípulo é referência, na profecia de Isaías, ao servo de Javé, que testemunha o dom recebido da escuta. Receba-o, preze-o e agradeça a Deus por este dom. Dádiva que o faz portador de uma sabedoria, capacitando-o para suportar e enfrentar adversidades sem perder o rumo. Uma escuta que, continuamente, abre os ouvidos do discípulo para estar em condições de dar respostas que fazem a diferença. Graça de Deus que está na contramão da soberba do saber e da tirania de definir rumos, ou enjaulá-los, na rigidez provocada pela inexistência do exercício da escuta.

Os ganhos qualificadores de se ter ouvido de discípulo
O horizonte do caminho da paixão e morte de Jesus projeta para a humanidade, pela celebração desta Sexta-feira Santa, os ganhos qualificadores de se ter ouvido de discípulo. A profecia que leva a dizer a verdade e ao compromisso com a justiça e o bem nasce na mente e no coração de quem tem esse ouvido. Discípulo é aquele que vai à escola. Não como professor. Menos ainda como os que acreditam saber de tudo, pois se valem dos lugares que ocupam para definir, sem a escuta necessária, os rumos da sociedade, o atendimento de suas demandas e, com essa conduta, permanecem distantes da competência para gerar o novo que possibilita sair da crise, devolver esperanças aos corações.
 
Quem escolhe a escuta como dinâmica para a configuração de sua maestria se abre ao que é dito por quem está acima de tudo e de todos – Deus – e consequentemente à escuta dos pobres. Capacita-se para o diálogo amplo e plural que a sociedade exige no complexo processo de definição de suas dinâmicas e busca de novas saídas. Quem escuta se torna servidor. Uma obrigação de fé e também uma nota inteligente no desempenho de papéis cidadãos. Quem não escuta manda a partir do pedestal ocupado. Quem escuta dialoga e se deixa interpelar por clamores e necessidades que formatam posturas adequadas e, assim, permitem a superação de equívocos. Essa postura é antídoto para teimosias e tudo que obscurece os caminhos para as resoluções criativas e solidárias.

Construir para os homens um novo tempo
Os cristãos, nesta Sexta-feira Santa, celebrando a Paixão e Morte de Cristo, ao acompanhar os passos de sua amorosa escuta de Deus, na sua corajosa entrega de si pela salvação do mundo, são interpelados a contemplar o Mestre, Senhor e Salvador. Ele é Servo por escutar amorosamente o seu Pai, obediente ao desígnio n’Ele realizado de salvar a humanidade, de construir para os homens um novo tempo na força do amor que o leva a morrer na cruz e a ressuscitar. A atitude exemplar de Jesus é certamente o caminho inspirador que a sociedade brasileira precisa para reencontrar rumos e redefinir saídas.
O silêncio é condição para a escuta que permite identificar os clamores dos pobres, alcançar equilíbrio nas relações, cultivar o bem no coração da humanidade e promover a beleza que recupera a sensibilidade perdida. É urgente aceitar o convite que esta Sexta-feira Santa brada em seu silêncio. Trata-se de convocação para que todos adotem o ouvido de discípulo e, assim, avanços possam se tornar realidade. Ouvir como discípulo é tarefa que ilumina a cidadania e, entre outras fundamentais conquistas, possibilita entendimentos para a efetivação da reforma política, sem enrolações interesseiras. O ouvido de discípulo permite também escutar as muitas razões para que não se efetive a diminuição da maioridade penal. Evita irracionalidades, favorece o gosto pelo diálogo entre poderes e segmentos, criando condições para o aparecimento de líderes, que estão em falta, com capacidade humanística para priorizar as urgências dos mais pobres.
 
Desenvolver o ouvido de discípulo é uma prática com força de remédio para curar as rudezas dos corações e das mentes que perderam o sentido nobre de pertencimento a um povo, de fidelidade à sua identidade. É a cura para corações e mentes que ao ferir o tecido cultural e humanístico fazem da vida um inferno verdadeiro, com desfigurações, violências e barbáries. Queiramos todos cultivar o ouvido de discípulo.

Paixão de Jesus Cristo


A
Paixão de Jesus Cristo é um dos ciclos da Sua vida, o último. Nele se inserem todos os episódios que medeiam a Última Ceia e a morte na cruz. O termo "paixão" provém do latim passio, que indica sofrimento.

Os Quatro Evangelhos, de Marcos, Lucas, Mateus e João, relatam as provações físicas e morais pelas quais Cristo passou durante a Paixão, sendo destas uma das que se representam mais frequentemente em termos iconográficos o Ecce Homo ("Eis o Homem"), altura em que Cristo é apresentado à multidão flagelado, com uma coroa de espinhos e um ramo na mão e coberto apenas com uma clâmide ou capa vermelha. Estes objetos foram-lhe impostos pelos guardas e torturadores como imitação dos atributos reais, na sequência da afirmação de Jesus de que Ele pertenceria ao reino dos Céus. A prece no jardim de Getsemani, a traição de Judas, o caminho para o Calvário, a crucifixão, o sorteio da capa que cobria Jesus e a Sua morte são outras representações da Paixão muito frequentes.

Desde a Última Ceia, em que Cristo afirma saber que será traído, e durante toda a Paixão, que a Sua atitude perante os sofrimentos e inevitável morte é de aceitação resignada, de forma a cumprir a vontade do Seu Pai. Na verdade, o Cristianismo sempre considerou a morte de Cristo como o elemento que justificou a Sua vinda a Terra, para expiar os pecados da Humanidade e a salvar. A Última Ceia aparece como episódio fundamental para a correta percepção da Paixão, uma vez que a sua realização é, simbolicamente, o sacrifício de Cristo para bem dos homens (cortado e distribuído pelos apóstolos, o pão e o vinho, que significam a carne e o sangue de Jesus, são ingeridos como alimento essencial à sobrevivência humana).
 
A celebração da Eucaristia pretende reviver constantemente esta imolação da vida de Cristo para que a redenção da Humanidade se possa efetuar. Durante os primeiros tempos de Cristianismo, a celebração da Paixão fazia-se durante a Semana Santa, e crê-se datar da Idade Média tardia o hábito de cobrir com um pano as imagens sacras das igrejas durante a celebração deste ciclo.

Fonte: Infopédia

domingo, 25 de março de 2018

Programação Semana Santa 2018 na Igreja do Aldebaran


Domingo de Ramos inicia a Semana Santa


Jesus entra em Jerusalém montado em um jumentinho.
A
Semana Santa começa no DOMINGO DE RAMOS. É no Domingo de Ramos que relembramos e celebramos a entrada triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém, poucos dias antes de sofrer a Paixão, Morte e Ressurreição. Este domingo é chamado assim porque o povo cortou ramos de árvores, ramagens e folhas de palmeiras para cobrir o chão onde Jesus passava montado num jumento. Com folhas de palmeiras nas mãos, o povo o aclamava "Rei dos Judeus", "Hosana ao Filho de Davi", "Salve o Messias"... E assim, Jesus entra triunfante em Jerusalém despertando nos sacerdotes e mestres da lei muita inveja, desconfiança, medo de perder o poder. Começa então uma trama para condenar Jesus à morte e morte de cruz.

O povo o aclama cheio de alegria e esperança, pois Jesus como o profeta de Nazaré da Galileia, o Messias, o Libertador, certamente para eles, iria libertá-los da escravidão política e econômica imposta cruelmente pelos romanos naquela época e, religiosa que massacrava a todos com rigores excessivos e absurdos.

Mas, essa mesma multidão, poucos dias depois, manipulada pelas autoridades religiosas, o acusaria de impostor, de blasfemador, de falso messias. E incitada pelos sacerdotes e mestres da lei, exigiria de Pôncio Pilatos, governador romano da província, que o condenasse à morte.

Por isso, na celebração do Domingo de Ramos, proclamamos dois evangelhos: o primeiro, que narra à entrada festiva de Jesus em Jerusalém fortemente aclamado pelo povo; depois o Evangelho da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, onde são relatados os acontecimentos do julgamento de Cristo. Julgamento injusto com testemunhas compradas e com o firme propósito de condená-lo à morte. Antes porém, da sua condenação, Jesus passa por humilhações, cusparadas, bofetadas, é chicoteado impiedosamente por chicotes romanos que produziam no supliciado, profundos cortes com grande perda de sangue. Só depois de tudo isso que, com palavras é impossível descrever o que Jesus passou por amor a nós, é que Ele foi condenado à morte, pregado numa cruz.

O Domingo de Ramos pode ser chamado também de "DOMINGO DE RAMOS E DA PAIXÃO DO SENHOR", nele, a liturgia nos relembra e nos convida a celebrar esses acontecimentos da vida de Jesus que se entregou ao Pai como Vítima Perfeita e sem mancha para nos salvar da escravidão do pecado e da morte. Crer nos acontecimentos da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, é crer no mistério central da nossa fé, é crer na vida que vence a morte, é vencer o mal, é também ressuscitar com Cristo e, com Ele Vivo e Vitorioso viver eternamente. É proclamar, como nos diz São Paulo: '"Jesus Cristo é o Senhor", para a glória de Deus Pai' (Fl 2, 11).

 

segunda-feira, 12 de março de 2018

Santuário de Aparecida recebe Rosa de Ouro enviada pelo Papa Francisco

Cardeal italiano Giovanni Battista
entregou a Rosa de Ouro ao arcebispo de
Aparecida, dom Orlando Brandes.

O
 Santuário Nacional de Aparecida, em Aparecida (SP), recebeu do papa Francisco, a Rosa de Ouro, honraria que representa uma particular estima por cidades, pessoas ou santuários reconhecidos como centros de grande devoção. O presente foi trazido do Vaticano pelo cardeal italiano Giovanni Battista, que foi o representante do pontífice nas festividades dos 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida por pescadores, no Rio Paraíba do Sul.

A Rosa de Ouro foi entregue oficialmente em uma missa, na Basílica de Aparecida, celebrada na noite de 9 de outubro de 2017. “Com grande alegria estou retornando a Aparecida. Já estive aqui por ocasião da V Conferência do Episcopado Latino Americano. O que mais me impressionou foi a grande quantidade de peregrinos que vem ao Santuário. Retorno com particular alegria, pois vou representar o papa Francisco. O santo padre que envia uma Rosa de Ouro como símbolo de seu amor a Nossa Senhora, assim como seu afeto ao povo brasileiro”, disse o cardeal italiano.

A Rosa de Ouro pesa cerca de um quilo e mede aproximadamente 50 centímetros. O presente costuma ser entregue apenas uma vez por ano, com exceção deste ano, já que o papa Francisco já tinha presenteado o Santuário de Fátima com a insígnia.

A Rosa de Ouro é uma honraria que representa uma particular estima por cidades, pessoas ou santuários reconhecidos como centros de grande devoção.

A primeira referência a este sinal foi encontrada em um documento de 1049, emitida pelo papa Leão IX. Naquela época, a Rosa de Ouro era abençoada no quarto domingo da Quaresma, mas, após o Concílio Vaticano II, em dezembro de 1961, a entrega do símbolo passou a ser mais rara.

Esta foi a terceira vez que o Santuário Nacional de Aparecida foi presenteado por um papa com uma Rosa de Ouro. A primeira vez foi em 1967, pelo papa Paulo VI. Em 2007, o papa Bento XVI entregou o presente pessoalmente, quando esteve no Brasil. As Rosas de Ouro estão expostas ao público no Museu Nossa Senhora Aparecida.

A Rosa de Ouro do Vaticano

 Antonio Gasparetto Junior
Mestrado em História (UFJF, 2013)
Graduação em História (UFJF, 2010)

A
 Rosa de Ouro é um ornamento abençoado pelo papa e concedido a pessoas que tenham demonstrado grande lealdade com a Santa Sé.

A primeira referência que existe a respeito do ornamento Rosa de Ouro data da Idade Média, mais especificamente no ano de 1049. Neste ano, o papa Leão IX isentou o convento de Santa Cruz de Woffenheim através de uma bula papal de pagar impostos. No entanto, o convento deveria enviar para a Santa Sé uma Rosa de Ouro por ano. É desta forma que se relata a primeira manifestação em torno do artefato. Porém, durante o restante da Idade Média, a Rosa de Ouro seria muito comum para honrar um soberano, substituindo a prática da honraria das Chaves de Confissão de São Pedro que também eram chamadas de Chaves de Ouro.

O início exato do costume de oferecer a honraria Rosa de Ouro ainda é uma dúvida, porém sabe-se que está relacionado com a transferência do papado para Avinhão e que continuou depois em Roma. Cerimônias foram elaboradas para que os príncipes recebessem o ornamento dos papas e do Sacro Colégio dos Cardeais.

Já na Idade Moderna, a Rosa de Ouro passou a ser um ornamento ofertado somente às princesas e às rainhas, enquanto imperadores, reis e príncipes passaram a receber espadas. A entrega da honraria para quem vivia fora de Roma também sofreu mudanças, o papa deixou de ser o responsável pela cerimônia e incumbiu seus subalternos mais elevados a essa prática. Por fim, o século XX mudou completamente a lógica da honraria, que passou a ser concedida às figuras santas femininas que recebem o tratamento de respeito de Nossa Senhora.

A lista de personalidades, lugares e igrejas que receberam a Rosa de Ouro é bem grande, entretanto a maioria dos artefatos foi fundida para reutilização do ouro. Além disso, a concessão do ornamento tornou-se rara a partir da segunda metade do século XX, então os exemplares antigos que ainda existem são da catedral de Benevento, da Biblioteca Vaticana, da Arquibasílica de São João de Latrão, do Museu Nacional da Idade Média (a mais antiga de todas as que sobraram), do Palácio da Comuna e do Palácio Imperial de Hofburg. A mais antiga que existe, que está no Museu Nacional da Idade Média, data do ano 1330 e foi feita por Minúquio de Sena para ser ofertada pelo papa João XXII a Rodolfo III de Nidau, o Conde de Neuchâtel.

A Rosa de Ouro, como o próprio nome diz, é feita de puro ouro e é criada por hábeis ourives. É uma rosa dourada brilhante que representa a majestade de Cristo. Todavia, antigamente era apenas uma flor única e simples. Foi o papa Sisto IV que acrescentou rubis e que transformou a única flor em um galho com muitas rosas. Esse novo formato diferia tanto do inicial que recebeu o nome de Rosa Sistina.